Net-Arte. Como início de reflexão, é preciso distinguir net-arte de
arte na internet. São dois conceitos ou ideias diferentes que se aplicam
a uma ideia de arte para a internet. O primeiro centra-se numa arte
realizada exclusivamente para o meio internet, o segundo é a internet
encarada como meio de divulgação da arte. Ou seja, se uma encara a
internet como médium artístico, a outra encara-a apenas como meio de
divulgação. Nesta última temos as páginas de galerias, museus e centros
artísticos, bem como de artistas, que se dedicam a uma forma de arte não
digital.
A net-art tem as suas origens, por um lado, na chamada arte
telemática, por outro na chamada computer art. Assentando o médium
internet em redes informáticas que ligam vários computadores em diversas
partes do mundo, é lógico pensar no computador como o intermediário
fundamental neste novo tipo de arte. Mas é necessário não confundir a
generated computer art com a net-art: apesar de ambas existirem nos
sistemas informáticos, são formas de arte muito diferentes.
A net-arte, no seu conceito puro, vai buscar o seu fundamento à
arte telemática, cujos primórdios podem ser encontrados no dadaismo e,
especificamente em autores como Marcel Duchamp e Moholy-Nagy. O primeiro foi o inventor desse tipo de arte chamada mail-arte ou arte postal. O segundo de uma série de imagens encomendadas
por telefone. Nagy, propunha a utilização do telefone como forma de
encarregar outras pessoas da execução material de obras de arte. Ao
mesmo tempo que propunha a subversão do processo tradicional da criação
artística (o realizador da obra passava a ser uma pessoa anónima) Nagy e
os dadaístas abriam passo ao emprego nas artes plásticas de uma
tecnologia de comunicação. Moholy-Nagy, com os seus Telefonbilder , sublinhava a ideia da produção anónima através de procedimentos industriais de manufactura.
Marcel Duchamp, por seu lado, propunha uma arte centrada num meio de distribuição: ficou célebre em 1916 o seu Rendezvous of 6 February, quando enviou uma série de postais aos seus vizinhos de Arensbourgs.
Mas o que existe de comum entre Rendezvous... de Duchamp e os Telephonebilder
de Nagy? A distância. A ligação de dois pontos através do objecto
artístico. No primeiro caso, uma ligação directa do artista ao fruidor,
no segundo caso, através de um meio de telecomunicação e de uma terceira
pessoa. Ou seja, em ambos os casos o artista e o receptor estão em
espaços tempos diferentes, e a obra circula de um extremo para o outro.
Contrariamente à relação clássica do observador com a obra que existe
num determinado espaço-tempo criado previamente para o efeito (a parede
da galeria ou do museu).
Ambos projectos procuram assim aproximar o artista do
observador, o emissor do receptor, superar a distância que os separa.
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